Educação e Copa do Mundo
Por que o brasileiro não briga
pela Educação como faz pela Copa do Mundo? Melhor fariam, é claro, se pudessem
colocar esses recursos para melhorar o atendimento educacional, oferecendo uma
solução de raiz, que falta ao Brasil. Ninguém vê o óbvio: a pirâmide está
invertida. A maior prova disso é o abandono da primeira infância. É nela que o
Brasil começa.
Mesmo a Educação é um exemplo do
desequilíbrio da pirâmide invertida. O Brasil dá mais ênfase ao topo, o ensino
superior, do que à base, o ensino fundamental.
O resultado é outra manifestação
de instabilidade: a qualidade do ensino superior vem sendo puxada para baixo
por causa da má qualidade do ensino médio; e este também perde qualidade por
causa da piora no ensino fundamental.
Outra insensatez é a incompetência
para enfrentar o drama do magistério. Os professores são mal formados e
remunerados. Como pretender, assim, uma Educação de qualidade? Os cursos de
formação de professores padecem de um abissal anacronismo. Além disso,
ultimamente, são raras as novas Escolas construídas.
Parece que houve um certo cansaço
das autoridades em relação ao assunto. Era o melhor caminho para alcançar outra
conquista necessária: o desejado tempo integral, que é uma característica
básica de todo e qualquer país desenvolvido.
Nossas Escolas públicas têm
bibliotecas? Não. Têm laboratórios equipados? Não. A distorção idade-série está
sob controle? Não. Reduzimos os fenômenos da evasão e da repetência? Não. Há
iniciação científica nas Escolas? Não. Os índices de leitura estão crescendo?
Não. Os livros didáticos distribuídos são bem escolhidos? Não. Nossas Escolas
têm segurança? Não. E muito mais poderia ser lembrado. Até quando?
A Educação é o caminho, antes que
o país afunde de vez na ignorância, miséria e violência.
Nelson Valente,
professor, in: Jornal de Santa Catarina (SC)
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